segunda-feira, 9 de maio de 2011

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Tento exprimir sensações e colocá-las no papel
mas a essência fica pelos ares, cravada no tempo que não volta, não para.
Não há como capiturá-la, só resta a lembrança e o gosto nostalgico de morangos que às vezes vem na boca e passa pela mente me inspirando e obrigando-me a expressar àquilo que nasceu e morreu em mim mas que numa tentativa incessante tento dar vida através de lápis e devaneios, para que eu possa me libertar; como se eu fosse superar a sensação, como se eu escrevesse por necessidade.

Contato

Frestas de luz que permite ao olhar admirar... Contato.
Contrato selado por lábios entregues.
Derretendo pra dentro, entre, escorrendo perante dedos até fundir.
Mesmo no momento já nostálgico... Saudades, transe, saliva, os gemidos ao pé do ouvido soam como poesia.
O pensamento se esvaiu na necessidade de sentir. Dois corpos, ossos e pele comandados pela intuição.
Transcendência numa cama qualquer, embaixo dela e entre lençóis.
Suor e marcas que contam histórias.
Dança de toques. O reflexo é a única verdade contada.
A inspiração vem de dentro, também das pernas e pelos.
Os versos se repetem dentro da própria memória, repetindo a sensação num suspiro que se arrepia e em devaneios que se perdem e pedem mais.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Frágil certeza do ser

A fragilidade da mente que num impulso perde a razão, alucina, delira.
Na fragilidade do ser, do corpo pulsante que se corta, quebra, morre.
Frágil certeza momentânea.
Pode-se observar de longe àquele trago que procura consolo mas não há como evitar
que os vasos quebrem, que os amores acabem e que o ar, um dia, e a nicotina, deixará para sempre estes pulmões.

terça-feira, 22 de março de 2011

Já não se importa

Sua ausência ainda se faz presente na minha rotina. No meu despertar já entediado e no meu dia que se resume na espera de que acabe logo.
Versos pelos ares, risos e gemidos escondidos em cada canto do quarto.
Vi o solido evaporar diante dos meus olhos carregando um ponto final. Eis aqui janelas, músicas que já não fazem nenhum sentido. Hoje deito com os pés sujos, ao lado da parede, em cima do cobertor mas você já não se importa.

segunda-feira, 21 de março de 2011

"Desapegação"

Nina se derrama em juras eternas de amor que duram apenas um minuto.
Que já noutro a desconhece. Talvez daqui a pouco.
Às vezes lhe desconcerta, mais ou menos lhe aflige.
Ela fica na sala de espera.
A angústia lhe toma num nó na garganta constante.
Nina sente vontade de vomitar as palavras numa busca frenética por alívio.
Ela está cansada de ficar na sala de espera.

Desinventar. Desamor. Deslembrar.
Nina está em processo de "desapegação".

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Rotina

Toda a tristeza e amargura estão marcados em seu rosto como tatuagem
Cravados no seu dia-a-dia cansado
Na sua falta de paciência pra sorrir

Ela passa horas em segredo se perguntando cadê a vida na vida dela
Perdida entre as horas, ela não consegue se encontrar
então cai de novo em seu mundinho cercado
disfarçado com muita educação.

Projeções

De desencontros, projeções se faz o caos
virando àquele relacionamento meio monogâmico, meio nada a ver
sofrido como só bethânia pode descrever

Sentimentos subentendidos causam insegurança naqueles que não crêem que o amor é assim: livre, sem púdores, metafísico
exlcusividade nunca foi sinônimo de gostar
nem fazer sexo de gozar

Não há necessidade de imediata rotulação
quando só com calma que se chega ao coração.

5° andar

Deixo fluir todos os sentidos, envoltos em minha cintura num balanço calmo e preciso
que passa por entre as minhas pernas e sobe num gemido até o pé do ouvido.
O som emitido pede mais.
A carne pede mais.

Todos os poros clamam pelo toque da língua
Não é só questão de pele: o corpo vibra num contato de almas
num frenesi de movimentos, olhares, toques
numa transcendência em pleno chão da cozinha, no 5° andar de um prédio qualquer.

Aleatório

Troca de saliva não supre carência
Qualquer toque não alivia dor
Olhares aleatórios não fazem você se sentir mais bonita
Então porque submeter-se à tapa-buracos?

É medíocre estar envolta por braços que não confortam.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O que pode-se fazer com tanto nada? É por isso que a sua alma pertence àqueles envoltos em poesia: pois só tamanha profundidade é capaz de suprir tal vazio. Lhe pertence aquilo que lhe embala, que lhe envolve e todo o resto lhe parece apenas pinturas aleatórias.


constância

Seu rosto já tão saturado de memórias perdidas relampeja em minha mente refletindo em rostos aleatórios na rua, no metrô, àquele seu sorriso de canto-de-boca.
Minhas mãos instantaneamente passam a suar frio juntamente com o peito acelerado e os joelhos trêmulos; mas ao mesmo tempo eu fico feliz de saber que é só a minha mente me pregando peças de novo.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Inspiração

Ao deixar uma caneta fluir sob o papel só se vê rostos desfigurados, frases doentias.
Minha mente vive me pregando peças: numa auto-sabotagem demasiadamente sádica os caminhos percorridos são conhecidos suficientemente bem a ponto de me levar ao extremo, numa tragédia mental que fica à margem da consciência; como num filme de drama sensacionalista sendo executado diante de mim, dentro de mim, repetidamente, frenéticamente, numa necessidade quase crônica de me suprir com o vazio. Este, já tão presente, tão familiar.

Pois é da melancolia que se faz a poesia
esta da voz às entranhas, aos sentimentos mais primários,
vindos da carne
sujo, puro, cru
... libertador.