quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Delírio


E girando, girando, girando. Era difícil encontrar um foco. Angústia. Delírio. Nada à sua volta além de cigarros e perdição. Vertigem. Náusea. Àquele gosto estranho na boca, porém já tão comum. A luz só era suficiente para enxergar sua decadência. Sua roupa estava rasgada e sua maquiagem já esquecida há muito. Quantos dias se passaram sem que ela tivesse percebido? O tempo só era notado quando a pressa de se ter mais a despertava. Ela matara a sede com vodka e já não havia mais ninguém. Já não havia mais diversão, só restavam os velhos hábitos.
Lexotan, Prozac, Diazepan, Ripnol,Rivotril.

A mais pura, a mais bela melancolia é tudo aquilo que toca sua alma. Corta, fere, geme... Sua realidade era irreal, sua necessidade era fatal. Ela perdera os sentidos, e o sentido da vida. E de novo, de novo, de novo.
Ciclo vicioso, viciante....Dor Alucinante entre as entranhas, tal que passa pelos seus joelhos e mãos trêmulas, pela sua garganta, que dilacerada, a faz gaguejar... O silêncio é quebrado pelo som penetrante que suas veias emitem... Gritam pedindo por mais. Não há como lutar, todos os poros do seu corpo clamam por isso e ela já está acabada há muito. Sua mente difusa vê uma estranha diante do espelho e o cigarro queimando conforme o tempo passa é a única lembrança da sua própria vida... Da sua eterna queimação pessoal.
Talvez ver um pouco de sangue a faça se sentir mais viva.


- Renata F.