quarta-feira, 21 de julho de 2010

Todas as vezes ela se entrega e se sente mais barata do que deveria.
Jazia o orgulho. Só sobrara a necessidade de se suprir com o pouco que lhe é oferecido.
E o mecanismo que fora criado para abafar a culpa não pode abafar a dor do dia seguinte... E ela caminha pela vida com restos de outrém.
Mas de alguma forma sádica isso a faz se sentir mais viva, e como num transe frenético de auto-mutilações ela procura por isso, e se alimenta disso.
E apesar de máscaras sociais encaixarem perfeitamente em sua face durante o dia, quando madrugada adentro, ela delira na busca de se ferir novamente; torturando-se psicológicamente, como só ela sabe fazer consigo mesma. Ela está com saudades. Sempre esteve, mas a sua dificuldade em aceitar sua própria vulnerabilidade a impediram de ver.
Todo o seu corpo vibra na lembrança do contato numa intensidade que a faz perder a razão e só recobrá-la no arrependimento da manhã seguinte. E por mais irônico que possa parecer, esse sofrimento é sua zona de conforto, seu refúgio, a única coisa que sobrou dele e que se esvai por entre seus dedos, pelo tempo, causando-lhe angústia só em pensar que quando não houver mais um amor não correspondido para ocupar sua mente, ela terá que pensar em si mesma, naquele cigarro queimando num cinzeiro qualquer.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Tão incerto quanto a certeza do querer, ela se desmancha em pedaços toda vez.
Pega de surpresa, por um milhão de sentimentos, como num soco bom, ela cai e recai. E de novo, de novo, e de novo. Mas um olhar confuso não pode esconder um sorriso malicioso.
Surto. Ansiedade. Angústia. Tudo em sua corrente sanguínea, transmitida por uma única agulha, que ela sabe, pode matar.
Calmantes não poderão preenchê-la desta vez.
Talvez outra dose de vodka.
Que desce rasgando, mas o nó que está em sua garganta e o aperto em seu peito não a deixam sentir mais nada, fazendo com que ela sinta muito por sua vez.
Em meio a contradições surreais ela se sente vazia à flor da pele.

E não há confissão que possa aliviar sua culpa.