quarta-feira, 21 de julho de 2010

Todas as vezes ela se entrega e se sente mais barata do que deveria.
Jazia o orgulho. Só sobrara a necessidade de se suprir com o pouco que lhe é oferecido.
E o mecanismo que fora criado para abafar a culpa não pode abafar a dor do dia seguinte... E ela caminha pela vida com restos de outrém.
Mas de alguma forma sádica isso a faz se sentir mais viva, e como num transe frenético de auto-mutilações ela procura por isso, e se alimenta disso.
E apesar de máscaras sociais encaixarem perfeitamente em sua face durante o dia, quando madrugada adentro, ela delira na busca de se ferir novamente; torturando-se psicológicamente, como só ela sabe fazer consigo mesma. Ela está com saudades. Sempre esteve, mas a sua dificuldade em aceitar sua própria vulnerabilidade a impediram de ver.
Todo o seu corpo vibra na lembrança do contato numa intensidade que a faz perder a razão e só recobrá-la no arrependimento da manhã seguinte. E por mais irônico que possa parecer, esse sofrimento é sua zona de conforto, seu refúgio, a única coisa que sobrou dele e que se esvai por entre seus dedos, pelo tempo, causando-lhe angústia só em pensar que quando não houver mais um amor não correspondido para ocupar sua mente, ela terá que pensar em si mesma, naquele cigarro queimando num cinzeiro qualquer.

Um comentário:

  1. lendo o fragmento me lembrei de uma frase do Carpinejar " existe alguém dentro de mim que mente pra me proteger"

    1a vez que passo por aqui, to lá no musas(comu orkut) tbém
    já add
    bjos
    se cuide

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